Oi, Fernandinho. Agora no almoço o vovô foi te visitar. E lá estava você no seu carrinho, largadão, sonhando, curtindo sua nova casinha. Sua mãe já está mais habituada à nova tarefa de “mãe24horas” e seu pai continua ao lado dela pro que der e vier. Inclusive fraldas sujas, coeiros recheados e outras cositas mais. Bom, meu amor, minha hora do almoço foi uma delícia como a música “Não é proibido” da Marisa Monte, que deixo para embalar você.
“Jujuba, bananada, pipoca, Cocada, queijadinha, sorvete, Chiclete, sundae de chocolate, Uh! Paçoca, mariola, quindim, Frumelo, doce de abóbora com coco, Bala juquinha, algodão doce e manjar. Uh! Venha pra cá, venha comigo! A hora é pra já, não é proibido. Vou te contar: tá divertido, Pode chegar!”
Fernandinho, você chegou finalmente. E não imagina a alegria que trouxe para todos nós ontem. Foram mais de 7 horas de espera por você, nos corredores da ProMatre, a maternidade onde você nasceu. Enquanto sua mãe e seu pai estavam no centro cirúrgico, estávamos todos ansiosos e apreensivos do lado de fora. Eu e Lígia, seus avós paternos Janu e Vilma, sua avó materna Mônica, sua bisavó Lili, suas tias Dani e Ana, seus tios Angelo e Bruno e mais uma galera enorme dos seus parentes e amigos de Arujá. Era para ser parto normal, mas você teimou em ficar na sua e aí a cesariana abriu o caminho para que você viesse até nós. E então pouco depois das 19 horas você desfilou em nossa frente. Lindo, de gorrinho, se espreguiçando, como que se exibindo para nós. E nós retribuímos com um chororô geral de alegria. Hoje fui duas vezes à maternidade ver você. E lá estava um garotão tranqüilo, no colo da supermãe Marcinha, vigiado atentamente pelo superpai Fernando, amado loucamente por este avô que não pára de ficar bobo a cada momento que pensa em você. Agora de noite peguei você no colo. E a sintonia entre nós dois foi imediata. Chego a jurar que você sorriu para mim, como que se dissesse “Oi, vovô!” Vou deixar uma música para comemorar sua chegada. É “Como é grande meu amor por você” do Rei Roberto, para homenagear o nosso Reizinho Fernando I.
Boa tarde, Fernandinho. Ontem fomos todos almoçar. Eu, a Ligia, a Dani, seu pai, sua mãe e, lógico, você. Fomos num bistrô muito gostoso e pela carinha da sua mãe, vocês adoraram ir lá. Demos bastante risada, levantamos brinde a você, foi muito legal. Sua mãe está muito linda, com você moldando sua nova barriguinha, redondinha e cheia de vida. Na sobremesa vocês comeram Petit Gateau, lambendo os beiços. Ela nos contou que você já começou a dar uns chutes. Que legal, meu garoto. Tomara que você seja um canhotinho como eu, mas bom de bola como o Rivellino, um dos melhores jogadores de futebol que o Brasil já teve. Pra terminar, fica aí dando seu chutes ouvindo a música "O Futebol" do Chico Buarque de Holanda.
Para estufar esse filó Como eu sonhei Só Se eu fosse o Rei Para tirar efeito igual Ao jogador Qual Compositor Para aplicar uma firula exata Que pintor Para emplacar em que pinacoteca, nega Pintura mais fundamental Que um chute a gol Com precisão De flecha e folha seca Parafusar algum joão Na lateral Não Quando é fatal Para avisar a finta enfim Quando não é Sim No contrapé Para avançar na vaga geometria O corredor Na paralela do impossível, minha nega No sentimento diagonal Do homem-gol Rasgando o chão E costurando a linha Parábola do homem comum Roçando o céu Um Senhor chapéu Para delírio das gerais No coliseu Mas Que rei sou eu Para anular a natural catimba Do cantor Paralisando esta canção capenga, nega Para captar o visual De um chute a gol E a emoção Da idéia quando ginga
(Para Mané para Didi para Mané Mané para Didi para Mané para Didi para Pagão para Pelé e Canhoteiro)
Boa tarde, minha criança. Aliás, boa tarde meu garoto. Hoje é um dia pra lá de especial para todos nós. Ficamos sabendo que você é um meninão. O doutor olhou a ultrassonografia e lá estava você, agitando seu pintinho, como que dizendo: sou macho, mano! Ainda não temos o filminho, mas assim que estiver em nossas mãos (o filminho, não o seu pintinho, menino assanhado) colocaremos aqui para todos verem. É isso, meu garoto. Seu avô recebeu a notícia mais uma vez com lágrimas nos olhos e deixa uma música da ópera-rock Tommy, do The Who, que marcou muito a juventude dele. É em inglês, e canta o momento em que a enfermeira anuncia para a Sra. Walker que ela vai ter um garoto.
Bom dia, minha criança. Você sabe que nasceu numa época em que a tecnologia nos surpreende a cada dia. Este é o seu primeiro ultrassom morfológico, que a gente assiste como se fosse um filminho. E seu velho avô aqui, cada vez fica mais embasbacado com essas novidades. Coisas novas para ele, porque pra sua mãe e pro seu pai isso de poder ver você na barriga da sua mãe, ouvir seu coraçãozinho batendo, são coisas absolutamente normais. Então minha criança, deixa este velho avô de queixo caído mostrar você para todos, chorando baixinho de felicidade e ouvindo “Bate, coração”, com Elba Ramalho.
Boa tarde, minha criança. Hoje o seu avô aqui está superfeliz. O time do meu coração e, que se Deus quiser (e que seu pai não me leia…rs), também será o seu, acaba de ganhar o Campeonato Paulista pela 26ª vez. É o campeão dos campeões, o Todo Poderoso Timão. Você já deve ter percebido que nasceu numa família corintiana, por parte de mãe, e palmeirense, por parte de pai. Já sabe, também, que nasceu, no ano em que o campeão paulista é o Corinthians. E isso fará diferença ao você escolher pra qual time vai torcer. Seu pai já comprou roupinha do Palmeiras, coisa que ele tem todo o direito. E eu, como bom corintiano, vovô te fazendo campeã desde já. Agora, adormeça e sonhe embalada pelo hino do Corinthians.
Salve o Corinthians, O campeão dos campeões, Eternamente dentro dos nossos corações Salve o Corinthians de tradições e glórias mil Tu és orgulho Dos desportistas do Brasil
Teu passado é uma bandeira, Teu presente, uma lição Figuras entre os primeiros Do nosso esporte bretão
Corinthians grande, Sempre Alvinegro, És do Brasil O clube mais brasileiro
Boa tarde, minha criança. Hoje você tá dando um trabalhão pra sua mãe. Ela tá super-enjoada, coisa normal para mamães-de-primeira-viagem. Como hoje é dia de São Jorge, o santo guerreiro, sei que ela vai enfrentar isso com muita coragem e alguns “Dramins”, um santo remédio para essas horas. Enquanto isso, ouça “Jorge da Capadócia”, música de Jorge Ben Jor. E que Deus e todos os santos te abençoem todo santo dia, minha criança.
Jorge sentou praça na cavalaria E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge Para que meus inimigos tenham pés, não me alcancem Para que meus inimigos tenham mãos, não me peguem, não me toquem Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo, meu corpo não alcançará Facas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar Cordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia, viva Jorge! Jorge é de Capadócia, salve Jorge!
Bom dia, minha criança. Esta que você está vendo é você, na sua primeira fotografia. Olha o que diz a primeira ultra-sonografia que a Marcinha fez: “Observa-se a presença de polo embrionário, com batimentos cardíacos presentes e rítmicos com comprimento cabeça-nádega de 14mm”. Então, minha pequeníssima criança. É o seu coração batendo e fazendo o de todos nós bater ainda mais forte. Como na música “Carinhoso”, de mestre Pixinguinha, que há de embalar seu sono e seus sonhos.
Meu coração não sei por quê Bate feliz Quando te vê... E os meus olhos ficam sorrindo E pelas ruas vão te seguindo... Mas mesmo assim, foges de mim...
Ah se tu soubesses como eu sou Tão carinhoso e muito, muito Que te quero... E como é sincero Meu amor... Eu sei que tu não Fugirias... Mais de mim... Vem... Vem... Vem... Veeeem... Vem sentir o calor dos lábios Meus a procura dos teus... Vem matar essa paixão... Que me devora o coração... Só assim então serei feliz... Bem... Feliz..
Boa tarde, minha criança. Como já deve saber, você nasceu numa família classe média, num país classe média também. E numa época em que a crise andou pegando os países ricos de jeito e nós sem jeito nenhum. Tanto que nosso presidente, um cara chamado Lula - também chamado pelo presidente Obama do país mais poderoso do mundo de “o cara” -, desfechou uma frase de tanto efeito quanto defeito: “a crise foi criada por brancos de olhos azuis”. Mas fique tranquila, minha criança. Você dificilmente terá olhos azuis e jamais mereceria nem essa, nem culpa nenhuma. Como eu dizia, você nasceu numa família tipicamente brasileira. Eu sou seu avô materno e sua avó materna chama-se Mônica. Nós dois já não estamos mais juntos mas, tenho certeza de que posso falar por ela também, sempre estaremos juntos de você. Assim como a Márcia, sua mãe, tivemos também a Daniela (na foto comigo no casamento dos seus pais). A sua tia Dani é uma atriz de talento que vai emocionar você nos palcos como você a emocionou desde que estreou a barriga da sua mãe. Seus avós paternos são o Januário e a Vilma, duas pessoas boníssimas que vão tratar de você do mesmo jeito que eu, sua avó Mônica e sua tia Daniela: com o maior amor do mundo. Do lado do Fernando, seu pai, você também tem os tios Ângelo e Ana Luisa, que pelo que disse seu pai estão até agora sorrindo à toa lá pelos lados de Arujá. Falando nisso, sua família é interestadual: tem gente em São Paulo, Pará, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e sabe-se lá mais onde. É uma família enorme, minha criança, assim como será enorme o amor de todos por você. Bom, deixo a música “Família” dos Titãs, um grupo de músicos fantásticos e lunáticos, que você há de virar fã.
Família! Família! Papai, mamãe, titia Família! Família! Almoça junto todo dia Nunca perde essa mania...
Mas quando a filha Quer fugir de casa Precisa descolar um ganha-pão Filha de família se não casa Papai, mamãe Não dão nem um tustão...
Família êh! Família ah! Família! oh! êh! êh! êh! Família êh! Família ah! Família!...
Família! Família! Vovô, vovó, sobrinha Família! Família! Janta junto todo dia Nunca perde essa mania...
Mas quando o nenê Fica doente Uô! Uô! Procura uma farmácia de plantão O choro do nenê é estridente Uô! Uô! Assim não dá prá ver televisão...
Família êh! Família ah! Família! oh! êh! êh! êh! Família êh! Família ah! Família! hiá! hiá! hiá!...
Família! Família! Cachorro, gato, galinha Família! Família! Vive junto todo dia Nunca perde essa mania...
A mãe morre de medo de barata Uô! Uô! O pai vive com medo de ladrão Jogaram inseticida pela casa Uô! Uô! Botaram cadeado no portão...
Família êh! Família ah! Família! Família êh! Familia ah! Família! oh! êh! êh! êh! Família êh! Família ah! Família! hiá! hiá! hiá!...
Bom dia, minha criança. Vou chamar você assim, até saber se você é meu neto ou minha neta, tá bom?. Ontem sua mãe (que loucura, até anteontem a Marcinha era apenas minha filha, rs) me deu a notícia da sua vinda. E eu continuo meio bobo, meio atordoado até agora. Bom, decidi escrever este blog para que você leia quando estiver grandinha, minha criança. E saiba algumas coisas que este velho/novo vovô tem a dizer para o mais novo amor da minha vida. Escolhi o nome Vovô de Blog porque aqui vovô contar histórias, vovô dizer quem é sua família, vovô ser seu parceiro, vovô ensinar o que eu puder, vovô fazer de tudo para proteger você, vovô ser seu grande amigo. Então, minha criança, seja muito bem-vinda. E até logo mais, que eu vovô chorar de alegria mais um pouquinho cantarolando "Wave" de Tom Jobim, um cara eu vovô fazer você também adorar.
"Vou te contar Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor É impossível ser feliz sozinho...
O resto é mar É tudo que não sei contar São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho à brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho...
Da primeira vez era a cidade Da segunda o cais e a eternidade...
Agora eu já sei Da onda que se ergueu no mar E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver...